I made this widget at MyFlashFetish.com.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

NEM TUDO É UTOPIA




Sou do tempo em que o plantio era na base da enxada,
Capoeirão era na foice e machado nas derrubadas,
O fogo fazia a limpeza, e o arado rasgava a terra,
As sementes eram jogadas porque a fome não espera.

Eu vivi a ditadura e a queda de Presidente,
Sofri com a inflação que corrói o bolso da gente.
Sou do tempo em que o telefone era de manivela,
Para falar com alguém, muita paciência e espera.

Sou do tempo em que namoro não era só para ficar,
Chegando a casa, pedia licença para entrar;
Sou do tempo em que os jovens lutavam por seus amores
E que os mais velhos eram chamados de senhores.

Vivi o sete de setembro marchando na minha escola,
Assisti aos caras pintadas ensinando democracia,
Tempo em que o povo com fome chora,
Quando a política é pura demagogia.

Vi o arado virar trator e o gado ser confinado;
A motosserra substituindo o machado;
Vi gente grande roubando e nunca ser aprisionado,
Pois a cadeia foi feita para pobre condenado.

Agora sou testemunha de uma nova revolução
É o povo saindo às ruas exigindo sua fatia de pão,
Que os políticos andem de ônibus e esqueçam o avião,
Que os governantes criem vergonha e abandonem a corrupção.

Cheguei à era do computador e da temida rede social
Onde a comunicação entrelaça a busca do ideal;
Tenho esperança um dia ver que nem tudo  é utopia,
Que o Brasil seja de todos... vivendo em harmonia.

 Lajeado, 24 de julho de 2013.


Luiz de Castro Bertol