Sou do tempo em que o
plantio era na base da enxada,
Capoeirão era na foice e
machado nas derrubadas,
O fogo fazia a limpeza, e
o arado rasgava a terra,
As sementes eram jogadas
porque a fome não espera.
Eu vivi a ditadura e a
queda de Presidente,
Sofri com a inflação que
corrói o bolso da gente.
Sou do tempo em que o
telefone era de manivela,
Para falar com alguém,
muita paciência e espera.
Sou do tempo em que namoro
não era só para ficar,
Chegando a casa, pedia
licença para entrar;
Sou do tempo em que os
jovens lutavam por seus amores
E que os mais velhos eram chamados
de senhores.
Vivi o sete de setembro
marchando na minha escola,
Assisti aos caras pintadas
ensinando democracia,
Tempo em que o povo com
fome chora,
Quando a política é pura demagogia.
Vi o arado virar trator e
o gado ser confinado;
A motosserra substituindo
o machado;
Vi gente grande roubando e
nunca ser aprisionado,
Pois a cadeia foi feita para
pobre condenado.
Agora sou testemunha de
uma nova revolução
É o povo saindo às ruas
exigindo sua fatia de pão,
Que os políticos andem de
ônibus e esqueçam o avião,
Que os governantes criem
vergonha e abandonem a corrupção.
Cheguei à era do
computador e da temida rede social
Onde a comunicação
entrelaça a busca do ideal;
Tenho esperança um dia ver
que nem tudo é utopia,
Que o Brasil seja de
todos... vivendo em harmonia.
Lajeado, 24 de julho de 2013.
Luiz de Castro Bertol