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sexta-feira, 8 de julho de 2011

HINO CTG TROPILHA FARRAPA


Os tentos da liberdade
Ecoaram nas coxilhas
Trançados pela bravura
Dos monarcas farroupilhas!
A bombacha maltrapilha
Que usamos como estampa
Como o grito do quero-quero
Que ainda ecoa no pampa...

Nosso CTG Tropilha,
Palanque da tradição,
De pago em pago cultua,
As conquistas deste ChãO!
Nosso CTG Tropilha,
Palanque da tradição,
De pago em pago cultua,
As conquistas deste ChãO!

Galpão Tropilha Farrapa,
A bandeira desfraldada,
Contando muitas batalhas
Muitas glórias ajoujadas...
A cambona sobre a brasa
Faz no tição desenhados
Os sinuelos que vêm de ontem
Hoje também recordados!

Nosso CTG Tropilha,
Palanque da tradição,
De pago em pago cultua,
As conquistas deste ChãO!
Nosso CTG Tropilha,
Palanque da tradição,
De pago em pago cultua,
As conquistas deste ChãO!

O minuano assoviando
Nesta casa galponeira,
Traz ecos muito longínquos
Da história de uma guerra.
Traz rangido de carreta,
Traz o eco do êra-êra...
Lembra que o nosso Rio Grande
Revive sua epopéia.

Nosso CTG Tropilha,
Palanque da tradição,
De pago em pago cultua,
As conquistas deste ChãO!
Nosso CTG Tropilha,
Palanque da tradição,
De pago em pago cultua,
As conquistas deste ChãO!

Luiz de Castro Bertol

domingo, 3 de julho de 2011

RANCHO DE QUINCHA


No comando do Patrão Décio
Um rancho foi erguido,
Espelhando a casa de um  peão
De um trinta e cinco já ido.
Telhado de capim santa-fé,
Chão batido de assoalho
Paredes de costaneiras,
Porta sem fechadura ou cadeado.

Cobertura de tabuinha
Foi moderno no passado,
Só usufruíam destes requintes
Aqueles mais abastados.
O capim santa-fé cobria os galpões,
Reduto da peonada,
União de fogo e fumaça,
Mate-amargo, gaita e patacoada.

Tramela não faz parte do galpão
Que é um aconchego para os amigos,
Seja para tomar  mate,
Ou para receber quem pede abrigo.
O tição está sempre aceso,
Cuia e a erva estão ao lado,
Enche a cambona d’água,
Escuta a canção do pago.

Cancela é a nossa porteira,
Feita por causa do pastoreio,
Não deves botar reparo,
Aprochega-te, sem receio.
A hospitalidade do rancho
É uma semente caudilha,
Que faz brotar os tempos de glórias
Deste Rio Grande coronilha.

As árvores frondosas e a quincha
Sempre deram guarida,
Seja como pouso dos carreteiros,
Ou para o descanso dos tropeiros na lida.
Patrão-Velho nos deu a coragem
Pra lutar por liberdade,
Assim nasceu a República Rio-Grandense,
Todos conhecem esta verdade.
 
O C.T.G. é uma picada,
Uma trilha aberta pelos antepassados,
É o tempo de ontem
Neste galpão atrelado;
É a honra dos farroupilhas
Merecedores desta homenagem,
É o fogo de chão,
Chama crioula da eternidade.

Este rancho atrelado ao C.T.G.
É símbolo do meu pago,
É o túnel do tempo,
Uma imagem, um recado;
É o costume dos peões
Neste ranchito sem luxo,
É a imortalidade dos  Farroupilhas,
É a tradição que honra os gaúchos.

17.08.2001
Luiz de Castro Bertol


quinta-feira, 16 de junho de 2011

CERTIDÃO DE NASCIMENTO


Eu fui parido
Num cantinho de Lajeado,
Talvez tenha sido no crepúsculo da Lua
Ou num dia ensolarado;
Poucos estavam presentes,
Pela ata pode ser constatado,
Era o início da minha existência,
Passei a ter nome registrado.

Não fui um bebê chorão,
Mas tive meus percalços,
Como todas as crianças
Andei muito de pés descalços.
Por vezes, ficava sozinho,
E tinha medo do abandono,
Não havia a quem reclamar
Somente noites sem sono.

Já estava taludinho
Quando surgiram alguns tropeços,
Fiquei com poucos recursos,
Quase perdi meu endereço.
Muitos que podiam me ajudar,
De meu convívio se ausentaram,
Fui tomando chá de esperança
E os maus agouros se acabaram.

Lembro-me tão bem
De quem tomou conta de mim,
Eu estava sem forças,
Nem olhava para o futuro,
Somente enxergava o fim.
Com a receita da lealdade,
Aos poucos recuperei a saúde,
Parecia um combatente farrapo
Pelejando com o ataúde.
 
O tempo não pára...
Fui levantando a cabeça
E, por incrível que pareça,
Tornei-me forte e transparente,
Sempre compartilhando a decência
Elevei meu nome na sociedade,
Fruto dos conselhos e a proteção
De muitos amigos de verdade.

A cada dia que passa
Eu melhoro na essência,
Deram-me solado e um chapéu novo
Para embelezar minha aparência,
Ganhei também um rancho de quincha,
Nos moldes do meu rincão,
Para que meu povo se sinta à vontade
Pra cevar um bom chimarrão.

Meu nome vai se espalhando
Por este querido Rio Grande,
Em qualquer lugar que eu ande
Eu vou semeando cultura,
Pois sou filho da tradição
E das glórias de uma era,
Ainda levarei além-mar
A epopéia da nossa terra.

Pra quem não sabe quem sou,
Me identifico:
Eu sou o Rio Grande de pé,
Tradição é a minha família,
Sou o Gaúcho que não se achica,
Sou o brio dos farroupilhas,
Sou orgulho do peão e sua bombacha,
A alma de maragatos e chimangos,
Sou o imortal CTG Tropilha Farrapa.

Lajeado, 15 de abril de 2004.

Luiz de Castro Bertol

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A PELEIA


Coisa feia igual  àquela
Juro que nunca vi,
Foi longe do meu pago
E saudade tive daqui.
O entrevero foi grande
E muito cabra eu vi cair.
O tinido de facão
Fazia o guapo pular,
O estampido do trinta
Parecia o ouvido estourar,
Gente pulando e caindo,
Querendo dali escapar.

Muitos deixei lasqueados
Com a minha bicuda afiada,
A garrucha do meu avô
Nesse dia foi usada,
Com um olho me defendia,
E com o outro eu espiava;
Vi um maleva no canto
Que o trinta pra mim apontava;
Eu dava um taio num metido
E do avô me recordava,
Num piscar saquei da pistola
E mandei o dito às favas.

Tinha corpo pra todo lado
E o sangue ia escorrendo;
Parecia um olho d’água,
Que aos poucos ia crescendo.
Alguns gemiam;
Outros,  pela polvadeira,
Se via que iam correndo.
Eu tinha muitos cortes,
Alguns mereciam remendo,
Saí dali caminhando
Porque o sol tava nascendo.

Dessa peleja que lhes conto,
Ainda guardo a cicatriz,
O nariz ficou meio torto,
Uma bala  fez dele um chafariz.
O dedo mingo que me falta,
Foi um facão bem temperado;
Me divertia com um de  frente
E outro vinha pelo lado.
Este lanho no meu ombro,
A la pucha, que coisa feia!
Eu estava usando a garrucha
E senti o tinido na orelha. 

Eu, gaudério dos pampas,
Não permito que me mandem...
Eu tava fora do estado
E sempre honrei o Rio Grande.
Os meus antepassados,
Derramaram sangue.
A bombacha sobre o cavalo
Deve ser nossa bandeira,
Para mostrar ao mundo,
Que o gaúcho, 
Quando desafiado,
Aceita como brincadeira.

18/10/1997.
Luiz de Castro Bertol

quarta-feira, 1 de junho de 2011

É ASSIM QUE SE MATA A SAUDADE


Escutei o assobio da chaleira
Na velha canção do pago,
Já estou voltando ao galpão
Onde os cepos estão arreglados;
A seiva que une os amigos
Ali passa de mão em mão
É a hospitalidade campeira
Servida na cuia de chimarrão.

É sempre nesse cenário
Que a tertúlia começa,
São prosas, cantorias...
Carreteiro feito, sem pressa;
Temperado ao som de gaita,
Por vezes, uma pitada de violão,
Acompanhado da inimiga da tristeza,
A canha buena do borrachão.

Quando o sanfoneiro cansa
Os causos são contados,
Entre uma e outra patacoada
A noite vai fluindo,
São assim as noites de primavera,
Porque se o Minuano bate na porta
Os viventes emudecem mais cedo,
Antevendo o frio que vem zunindo.

O fogo está quase extinto...
Escuto a história do fantasma,
Aquele que só se apresenta
Pra quem não tem fé e nem alma.
Dizem que nas noites escuras,
Aquelas escuras que nem breu,
Quem quiser cruzar o passo
Tem que rezar e acreditar em Deus.

Pouco a pouco a madrugada
Vai tomando conta do recinto,
Alguns se ajeitam nos pelegos,
Outros vão se despedindo...
O tropel do cavalo rompe o silêncio,
Grita o sentinela quero-quero,
O dia vem se apresentando,
O galo desperta aos berros.

Neste ambiente rústico
Perfumado pela fumaça,
Cheirando a café preto
Queimado a brasa,
Só o cusco que é juvenil
Tem o latido estridente,
No resto é um relógio sem corda,
Marcando as horas de ontem
E ajoujado ao presente.

É assim o recanto de tradição...
Revive-se as páginas da história,
A chama do candeeiro
Alumia os tempos de glória,
É o Rio Grande de pé
Que não se achica, não se humilha,
Uma bandeira que ostenta
A bombacha maltrapilha.

Lajeado, 25 de março de 2003.
Luiz de Castro Bertol