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quinta-feira, 16 de junho de 2011

CERTIDÃO DE NASCIMENTO


Eu fui parido
Num cantinho de Lajeado,
Talvez tenha sido no crepúsculo da Lua
Ou num dia ensolarado;
Poucos estavam presentes,
Pela ata pode ser constatado,
Era o início da minha existência,
Passei a ter nome registrado.

Não fui um bebê chorão,
Mas tive meus percalços,
Como todas as crianças
Andei muito de pés descalços.
Por vezes, ficava sozinho,
E tinha medo do abandono,
Não havia a quem reclamar
Somente noites sem sono.

Já estava taludinho
Quando surgiram alguns tropeços,
Fiquei com poucos recursos,
Quase perdi meu endereço.
Muitos que podiam me ajudar,
De meu convívio se ausentaram,
Fui tomando chá de esperança
E os maus agouros se acabaram.

Lembro-me tão bem
De quem tomou conta de mim,
Eu estava sem forças,
Nem olhava para o futuro,
Somente enxergava o fim.
Com a receita da lealdade,
Aos poucos recuperei a saúde,
Parecia um combatente farrapo
Pelejando com o ataúde.
 
O tempo não pára...
Fui levantando a cabeça
E, por incrível que pareça,
Tornei-me forte e transparente,
Sempre compartilhando a decência
Elevei meu nome na sociedade,
Fruto dos conselhos e a proteção
De muitos amigos de verdade.

A cada dia que passa
Eu melhoro na essência,
Deram-me solado e um chapéu novo
Para embelezar minha aparência,
Ganhei também um rancho de quincha,
Nos moldes do meu rincão,
Para que meu povo se sinta à vontade
Pra cevar um bom chimarrão.

Meu nome vai se espalhando
Por este querido Rio Grande,
Em qualquer lugar que eu ande
Eu vou semeando cultura,
Pois sou filho da tradição
E das glórias de uma era,
Ainda levarei além-mar
A epopéia da nossa terra.

Pra quem não sabe quem sou,
Me identifico:
Eu sou o Rio Grande de pé,
Tradição é a minha família,
Sou o Gaúcho que não se achica,
Sou o brio dos farroupilhas,
Sou orgulho do peão e sua bombacha,
A alma de maragatos e chimangos,
Sou o imortal CTG Tropilha Farrapa.

Lajeado, 15 de abril de 2004.

Luiz de Castro Bertol

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