I made this widget at MyFlashFetish.com.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A PELEIA


Coisa feia igual  àquela
Juro que nunca vi,
Foi longe do meu pago
E saudade tive daqui.
O entrevero foi grande
E muito cabra eu vi cair.
O tinido de facão
Fazia o guapo pular,
O estampido do trinta
Parecia o ouvido estourar,
Gente pulando e caindo,
Querendo dali escapar.

Muitos deixei lasqueados
Com a minha bicuda afiada,
A garrucha do meu avô
Nesse dia foi usada,
Com um olho me defendia,
E com o outro eu espiava;
Vi um maleva no canto
Que o trinta pra mim apontava;
Eu dava um taio num metido
E do avô me recordava,
Num piscar saquei da pistola
E mandei o dito às favas.

Tinha corpo pra todo lado
E o sangue ia escorrendo;
Parecia um olho d’água,
Que aos poucos ia crescendo.
Alguns gemiam;
Outros,  pela polvadeira,
Se via que iam correndo.
Eu tinha muitos cortes,
Alguns mereciam remendo,
Saí dali caminhando
Porque o sol tava nascendo.

Dessa peleja que lhes conto,
Ainda guardo a cicatriz,
O nariz ficou meio torto,
Uma bala  fez dele um chafariz.
O dedo mingo que me falta,
Foi um facão bem temperado;
Me divertia com um de  frente
E outro vinha pelo lado.
Este lanho no meu ombro,
A la pucha, que coisa feia!
Eu estava usando a garrucha
E senti o tinido na orelha. 

Eu, gaudério dos pampas,
Não permito que me mandem...
Eu tava fora do estado
E sempre honrei o Rio Grande.
Os meus antepassados,
Derramaram sangue.
A bombacha sobre o cavalo
Deve ser nossa bandeira,
Para mostrar ao mundo,
Que o gaúcho, 
Quando desafiado,
Aceita como brincadeira.

18/10/1997.
Luiz de Castro Bertol

Nenhum comentário:

Postar um comentário