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quarta-feira, 16 de abril de 2014



UM PRESENTE DE DEUS


Eu creio que Jesus Cristo
Aqui  nasceu.
Ainda quando criança,
Desenhou uma montanha,
Com um rio nascendo da terra
E, assim, descendo a serra,
Num vale se transformar...
Faltavam os afluentes,
Num mais que de repente,
Com rabiscos desalinhados,
Eles estavam no lugar.

Brincando com as cores,
Ele foi colorindo o desenho;
O verde, formou as matas;
O prateado, as cachoeiras.
Coloriu um grão de areia,
Que rolou pelas corredeiras
E um cascalho veio formar.
As árvores aos poucos
Foram crescendo,
Na primavera florescendo,
Para a vida germinar.

No meio dessa floresta,
Não havia ninguém pra cantar.
Nesse momento,
Desenhou  um passarinho,
Mas como estava sozinho
Não aprendeu a gorjear.
Deu-lhe uma companheira,
E no galho fizeram morada,
Começando a procriar.

Das matas tinha o perfume,
Das aves tinha o gorjeio,
Apenas o rio solitário,
Em seu leito andava ligeiro.
Ele pensou que estava errado,
E no seu desenho rabiscado,
Voltou a imaginar...
Viu no rio as cachoeiras
E dando vida à brincadeira,
Pôs o dourado a saltar.

O desenho estava incompleto,
Pois faltava uma criança
Para com Ele brincar.
Novamente de um rabisco,
Foi surgindo um caniço
E um guri pra segurar.
Ali mesmo da barranca,
Na volta de um remanso,
Começaram a pescar.


O  rio feito uma serpente,
Com seu chuá....chuá...  contente,
Vem cortando as montanhas,
Rasgando suas  entranhas,
Sem sangue e sem dor.
Foi rabiscando enseadas,
Praias enluaradas,
Onde surgem  lindas chiruas,
Que sem decoro, se banham nuas,
Dando ao desenho esplendor.

O que Jesus  desenhou
A Deus ele ofertou
Como uma prova de amor.
Que na sua infinita bondade
Transformou-o num paraíso de verdade
Para o filho desfrutar.
Depois que o filho cresceu,
Este presente Deus nos deu
Com tudo que existe aqui.
Eu sou um homem agradecido
Por desfrutar deste paraíso
Que é o vale do Rio Taquari.

(Poesia classificada em 1º lugar pela Academia Literária do Vale do Taquarí)

Luiz de Castro Bertol

quinta-feira, 6 de março de 2014

INDIGNAÇÃO
(Santa Maria)

Tentei falar...
Dizer o quê de tudo isso,
Que serem humanos não têm compromisso,
Nem responsabilidade!
Seria maldade de minha parte
Emanar esse sentimento,
A dor do momento é maior...
Nada é pior do que a impotência
Diante dessa barbárie.

Quem são as vítimas?
Os que foram?
Ou os que ficaram...
Os pais que deverão amar a ausência...
Apegar-se a lembranças dos filhos,
Viver no exílio do amor.
Culpar-se por permitir que a prole
Simplesmente viva a vida!
Qual pai, qual mãe não deseja que
Seus descendentes sejam felizes!

E agora, o que devo dizer
Para confortar?
Há algo que conforte?
Nada encontro a não ser a fumaça da morte.
Agora vamos em frente
Empurrados pelo passado.
No futuro seus nomes constarão
Apenas nas lápides e na história,
Nos diplomas imaginários,
Nos doutores que jamais existirão.

Acabou-se a farra...
Acabou-se a alegria...
O riso, as piadas, os trocadilhos,
Os dias de estudos...
As paqueras...
Não há crédito para torpedos.
Para os que foram... fim.
Para os que ficaram...
A decadência... brandamente.

Lajeado, 30 de janeiro de 2013.


Luiz de Castro Bertol