As mãos abriram picadas,
Ajudaram a conservar o pampa,
Ergueram tapumes,
Laçaram bois nas guampas,
Fizeram do facão o trunfo,
Do trinta a vitória;
Trataram o inimigo como tal,
Não lhe dando honra e glória.
As mãos levantaram o galpão
E a capela perto do
lajeado,
Lonquearam o couro do boi,
Pra ver o laço trançado;
Encilharam o zaino da prenda,
Domaram potro xucro
E ao Patrão-Velho do céu
Fizeram sua oferenda.
A mão puxou o gatilho,
Afiou o grande punhal,
Cavoucou trincheiras,
Ao combate deu sinal.
Salvou o amigo,
Como se fosse imortal,
Com lampejos de agilidade,
Num momento desigual.
A mão manuseia o laço
Na tropeada campeira;
Cumprimenta o amigo
À moda pampeana.
O cavalo, seu companheiro,
Pelas rédeas é orientado,
Como o cão, fiel escudeiro,
É só indicar, traz o boi desgarrado.
A mão dedilha a sanfona
Enchendo a china de amor;
Pra fazer acordes duma guitarra,
As mãos mostram valor.
Enquanto se dança, os afagos
São as palavras da paixão,
Enchem o peão de orgulho
E faz palpitar o coração.
A mão que segura a mão
Fala mais alto que a razão;
Traz no aperto o suor
E as palavras da emoção.
É o elo que transcende
A chama de uma paixão;
É aquela que repele,
Se há ódio no coração.
As mãos fazem de tudo,
Do carinho à penitência;
Assim como ceifam vida
Numa afronta à existência;
Também levam o peão
Às vitórias da
querência.
Erguidas ao infinito,
Procuram orientação,
Clamam a Deus,
Que lhes venha estender a mão.
18/08/1998.
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